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18 julho 2011

Parto de cócoras

O que é o parto de cócoras?

O parto de cócoras ou também denominado de parto vertical, consiste na posição que a mulher pode adotar no momento do nascimento (período expulsivo), que acontece após completar os 10 cm da dilatação do colo uterino, e quando, a mulher sente vontade de fazer força para a expulsão do feto. Esta posição é bastante utilizada pelas índias e muito pouco ou nada pelas mulheres civilizadas. Por este motivo, existem duas formas de atenuar os possíveis inconvenientes da adoção desta posição. A primeira forma consiste em realizar a partir do terceiro mês de gestação, exercícios que fortificam os músculos dos membros inferiores, além da pratica da posição de cócoras durante os seis meses restantes da gestação. A segunda, consiste em utilizar cadeiras construídas especificamente para facilitar nestas mulheres a posição de cócoras (ver figura abaixo). No mercado, existem vários modelos desde os mais simples aos mais sofisticados, porém é necessário cuidado, pois existem cadeiras, no mercado, que pretendem facilitar esta posição e não o fazem.



Como é realizado?

Na realidade, neste tipo de parto devido à posição vertical o parto é realizado em forma espontânea (natural) com pouca ou nenhuma participação da pessoa responsável pelo atendimento que deverá ajudar o recém nascido a efetuar uma saída lenta (desprendimento) para evitar lesões (desgarros) do períneo da mãe e permitir aparar a criança de forma não traumática..

Este tipo de parto respeita os mecanismos íntimos, e o processo fisiológico da parturição, pode ser realizado em qualquer local, desde que se cumpram com os mínimos conceitos de limpeza e assepsia, pode ser realizado por pessoal competente que tenha experiência em relação ao parto, em gestantes de baixo risco, sempre cuidando de respeitar a vontade da mulher e tratando de não interceder no processo normal do parto. Como exemplo, não fazer corte na vagina (episiotomia), não estimular os puxos (força do expulsivo), permitir o contato precoce (imediatamente após o nascimento) do recém nascido com a mãe (pele a pele olho a olho), entre outras atitudes que torna ao nascimento mais humano (sendo esta uma das grandes vantagens deste tipo de nascimento).

Quais as vantagens para mãe e para o bebê?
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As principais vantagens são:

a) Para a mãe: O período expulsivo e de menor duração quando comparado a partos em outras posições (deitada ou ginecológica), menor dor no momento do expulsivo, maior satisfação após o parto (foi ela quem realiza o esforço), menor trauma perineal com melhor restituição após o parto, puerperio (período imediato após o parto) e amamentação mais precoce e efetiva;


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b) Para o feto e recém nascido: melhor estado de saúde avaliado por testes específicos (Teste de Apgar e medidas de gases na sangue dos vasos umbilicais).
Estas vantagens estão associadas aos seguintes fatores: ajuda natural da força da gravidade, aumento em mais de 28% da área do canal do parto o que permite ter para o feto um espaço mais folgado para nascer, melhor aproveitamento das forças de expulsão e menor pressão no canal do parto (vagina) . Melhor circulação sanguínea na região do útero e da placenta permitindo um desempenho maior tanto das contrações uterinas, como da saúde do feto. Todos estes fatores em forma individual são vantajosos tanto para a mãe como para o feto, quando estão somados as vantagens, são ainda maiores.

Quais os riscos para a mãe e para o bebê?

Não se tem encontrado riscos, tanto para a mãe como para o feto em mais de 2.000 partos realizados em nossa instituição, em gestações de baixo risco (sem patologias).
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Existe sim, um fator físico importante, já que a mãe deverá participar ativamente do parto tanto pela posição vertical (cócoras), como pelo esforço que deverá realizar após várias horas de trabalho de parto, às vezes sem dormir a noite anterior.


Nesse tipo de parto o pai da criança pode participar?

Neste tipo de parto, é de grande importância que a parturiente esteja acompanhada , seja pelo pai da criança como de um familiar , amiga ou mesmo de uma Doula (pessoa de confiança da grávida, especializada em acompanhar em forma física (carinhos, massagens) ou psíquica (palavras de alento e conforto), ou ambas.

Toda mulher está apta a ter seus filhos através do parto de cócoras?

Toda mulher que se prepara (fisicamente e psiquicamente) para o parto de cócoras esta apta para esse tipo de parto. Em nossa experiência ,70% das mulheres que nos procuraram conseguiram ter o parto nessa posição.
As outras, tiveram um inconveniente médico como, criança muito grande, posição do feto inadequada (distósia), ou mesmo um sofrimento do feto de causa desconhecida o que nos obrigou a realizar a terminação do parto através de fórceps ou por cesárea. Tivemos, somente, 10% de casos em que as mulheres desistiram da posição por causa de dor intensa durante o período de dilatação. Estes casos, hoje, estão sendo minimizados pela utilização de uma anestesia especializada, denominada de baixas doses, o que permite colocar a mulher em posição de cócoras.

Existe uma preparação para o parto?

Em nosso grupo estamos utilizando em forma pioneira no mundo, os benefícios de um método denominado de “Resiliência” com excelentes resultados, e com 70% de casos bem sucedidos, como já foi colocado acima.


Existe algum tipo de anestesia?

Sim, existe uma anestesia desenvolvida em nossa maternidade para partos em posição de cócoras, aonde a mulher pode caminhar todo o tempo que tem essa anestesia, e posteriormente ter o parto em posição de cócoras. Essa anestesia utiliza o método da peridural (colocação de um cateter no espaço peridural), porém com a utilização de uma droga analgésica (fentanil ou similar) com uma dose muito reduzida de anestésico (bupivacaina), com grandes vantagens de obter um estado analgésico efetivo com preservação da atividade motora dos membros inferiores, situação impossível de obter com as anestesias peridurais convencionais que obriga a mulher que a utiliza, a adotar impreterivelmente a posição horizontal, e ou ginecológica (litotomía), no momento do parto, por falta de condições para estar de pé.

Hugo Sabatino é Médico Obstetra; Professor Adjunto do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp; Coordenador do Grupo de Parto Alternativo desde o ano de 1980.

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